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A qualidade da educação escolar tem sido tema recorrente em debates e políticas públicas, contudo, essa construção, pautada pela análise reducionista em sua imensa maioria das vezes e com a centralidade nos resultados mensuráveis dos indicadores advindos da avaliação em larga escala que constitui o insumo principal para gerar o Ideb (Índice da Educação Básica).
Aos professores de modo geral atribui-se uma carga desproporcional de responsabilidade pelo desempenho para o alcance das metas estabelecidas por intermédio dos dados estatísticos que passaram a orientar o discurso educacional, enquanto o fator humano, base de qualquer processo pedagógico, vai sendo deixado à margem.
O professor, figura central do processo educativo no ambiente escolar, tem sido pressionado a produzir resultados, muitas vezes sem condições adequadas de trabalho, falta de apoio emocional, ausência da valorização e reconhecimento. A consequência disso pode ser observada no isolamento emocional que certamente leva a um ciclo prejudicial tanto para os professores quanto para os estudantes contribuindo para o ambiente escolar desumanizado, onde o cansaço, o desestímulo e a frustração silenciam a criatividade, a empatia e a paixão pelo ensino.
É nesse contexto que a educação humanizada se apresenta não como um ideal abstrato, mas como uma urgência. Humanizar a educação significa reconhecer que a escola é feita de pessoas e para pessoas. Significa entender que o processo de ensinar e aprender é repleto de afetos, histórias, limites e potências individuais. Colocar o humano no centro da prática pedagógica é escutar o professor, valorizar sua experiência, cuidar de sua saúde emocional, oferecer espaços de formação continuada e, sobretudo, cultivar relações de respeito e confiança.
Muito além dos indicadores, o ambiente escolar deve criar vínculos que fortaleçam a escuta, os preceitos da empatia e presença
solidária. A educação efetivamente transformadora nasce do encontro entre sujeitos que se reconhecem como seres humanos em constante processo de aprendizagem. É tempo de fortalecer o sentido da escola como espaço de vida, de construção coletiva e de esperança. Somente assim será possível encantar o ambiente escolar em todas as suas formas e possibilitar ao professor não apenas seu papel de protagonista, mas também sua dignidade como educador e ser humano.